O difícil retorno

     Nasci no Interior de São Paulo, mas todas as minhas lembranças são do Interior do Paraná, primeiro em Grandes Rios e depois em Londrina.

    Morei na antiga Capital do Café de 1973 até final de 2000, quando fui trabalhar em Brasília e pouco tempo depois, no final de 2002, fui pra Bauru onde fiquei até 2022.

    Como esperado, tudo mudou e minhas lembranças se perdem no meio de novas construções e situações.

    Fiquei meses procurando uma casa para alugar com valor razoável, mas acabei caindo numa arapuca armada e prevista.

    A antiga casa ficou muitos anos fechada e o proprietário fez uma reforma mínima para alugar o imóvel parado.

    O quadro interno de disjuntores apresentava sinais de incêndio e os disjuntores pretos antigos apontavam perigo iminente.

    Visto isso, pensei que moraria ali por três anos e troquei todo o quadro interno.

    Mas a situação começou a piorar, a fiação elétrica com fios rígidos, muito antigos e péssimos para manobrar terminava em caixas enferrujadas e faltando as linguetas para parafusar a tomada e sua tampa.

    A água saia fraca em todas as torneiras e chuveiros, os drenos no chão dos banheiros não tinham tampa e mostravam um liquido preto ou bem escuro, nojento.

    A saída de água da pia entupia e acumulava a sujeira.

    O tanque antigo e quebrado não permitia seu uso.

    Para arrematar, não tem um registro de água para trocar uma torneira.

    Depois descobrimos que a torneira da cozinha recebia a água diretamente da rede de distribuição.

    Passamos a procurar outra casa e a situação parecia cada vez pior, preços subindo e casas velhas e mal cuidadas ou novas em parede meia, a praga das construções geminadas.

    No penúltimo mês do contrato, encontramos uma casa num local que nos agradara anteriormente, antiga porém com jeito de ser bem cuidada.

    A primeira vez que encontrei a vizinha, ela disse que a imobiliária colocou a placa de locação e na mesma noite, invadiram o local.

    Aos poucos, fui encontrando o pessoal contratado pelo proprietário e fiquei sabendo que furtaram toda a fiação elétrica e tiveram que refazer meio na pressa.

    Como sobrava tempo, fomos levando os itens menores e passei a trabalhar na casa sem mobília, numa mesa dobrável.

    Descobri por acaso que levei muita sorte, uso nobreak nos equipamentos, computadores e quarto de dormir, onde uso um CPAP por conta da apnéia.

    Tenho apenas dois que são multivoltagem e por sorte, foram os que liguei.

    Quando finalmente levei um ventilador pra casa, ao ligar senti um cheiro de queimado e desliguei rapidamente.

    Usei as tomadas inteligentes que mostram a tensão, a maior parte da casa estava em 220V, exceto as partes que precisávamos, notadamente a cozinha.

    A imobiliária informou que um prestador iria na casa terminar alguns detalhes que faltaram, aproveitei e pedi a referência de um eletricista.

    Depois descobri que foi ele o responsável pela obra, mas antes comentei das tomadas em 220V.

    Logo mandou um prestador e o problema foi facilmente localizado, a casa tem ligação bifásica e inverteram a fase com o neutro na entrada.

    Ele desfez o erro e tudo voltou ao normal, por sorte, não estragou nada já que tudo que tinha ligado era multivoltagem.

    A cereja do bolo foi o caminhão de mudança, que deveria trazer apenas as coisas maiores, camas, geladeira, freezer, sofá, etc...

    Marcaram e falharam duas vezes seguidas, ia pra terceira e mandaram outro caminhão para fazer o serviço.

    O pessoal não cuidava de nada e saia arrastando os móveis no chão ou carregando sem cuidado algum.

    Felizmente, só um rack antigo desmanchou ou não encontramos ainda os outros problemas, pois a bagunça impera na casa que é menor que a anterior.

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